Alguns amigos me perguntam por
que abandonei o socialismo. Se o socialismo, dizem, tem um compromisso com os mais
pobres e oprimidos, assim como o cristianismo, por que rejeitá-lo como
catastrófico e ter por ele uma aversão imensurável? A resposta a essa pergunta
não é fácil, mas podemos começar pela mitologia.
A expressão “o canto da sereia” tem
sua origem na mitologia grega. Segundo o mito, as sereias eram criaturas de
extraordinária beleza e sensualidade irresistível. Moravam numa ilha do
Mediterrâneo e tinham o poder de atrair os navegantes que se aproximavam da
ilha graças a uma melodia encantadora e incontrolável. Enlouquecidos pela
música sobrenatural os condutores lançavam as embarcações contra as rochas da
ilha, naufragavam e eram devorados pelas sereias. Hoje, o termo “o canto da
sereia” sugere toda tentativa agradável de ludibriar e enganar alguém.
O socialismo vende aos cristãos a
ideia que é extremamente preocupado com os mais pobres e necessitados. Esse
discurso torna-se, para esquerda, “o canto da sereia” a fim de atrair inúmeros fieis
incautos. Uma vez do lado deles, os crentes são alvos de um bombardeio
ideológico que os descaracteriza do cristianismo tradicional, uma vez que, com o
tempo, eles reverenciarão mais Karl Marx e o Capital do que Jesus Cristo e a
Bíblia, interpretarão o mundo a partir de um materialismo histórico dialético e
não de uma ortodoxia cristocêntrica e vivenciarão uma moralidade líquida (que se
adapte as circunstâncias) e não uma moralidade sólida (que perpassa todas as
circunstâncias).
O ódio da esquerda pelo
cristianismo tradicional se manifesta de muitas maneiras, uma delas, é a forma
como retratam os religiosos conservadores.
Todo e qualquer cristão conservador que não adote seu discurso
politicamente correto é retratado pela militância como um monstro horrendo a
ser exterminado a todo custo, por isso são desqualificados por eles como
fascistas, nazistas, machistas, homofóbicos, misóginos, racistas, etc... Uma
vez seduzido pelo “canto da sereia socialista” um cristão poderá fazer vista
grossa a toda essa perseguição verborrágica a outros cristãos e ainda padecer
de síndrome de Estocolmo.
A filantropia é uma
característica de todo cristão verdadeiro, mas ela por si só não significa
nada, pois um individuo dissimulado poderá praticá-la para parecer generoso.
Tom Hovestol, no livro A Neurose da Religião, destaca que na época de Jesus
nenhum outro grupo religioso era mais filantropo e preocupado com os mais pobres
e necessitados que os fariseus. Entretanto, foi a facção que recebeu a mais
dura repreensão do Senhor. O texto de Mateus 23 diz que Cristo censurou os
fariseus designando-os de “hipócritas”, “sepulcros caiados” e “raça de
víboras”. É verdade que existem muitos socialistas sinceros, mas como Mark W.
Baker aconselhou, é bom não confundir sinceridade com verdade, pois podemos
estar sinceramente errados.
No mito, segundo Homero em A
Odisséia, Ulisses consegue vencer os encantos das sereias pedindo aos seus
amigos que o amarrasse no mastro do navio. Isso é o que todo cristão autêntico
deve fazer, isto é, estar amarrado em Cristo, em sua Palavra e nos Pais da
Igreja para não se deixar levar pelo “canto da sereia socialista” e as verdades
fundamentais do cristianismo não venham ser adulteradas por aquilo que tem
apenas a “aparência do bem”. Como disse Marinho Lutero “a paz, se possível, mas
a verdade, a qualquer preço”.
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