sábado, 5 de junho de 2010

Os "oráculos da verdade"


     O filósofo alemão Emmanuel Kant não anda muito em moda. Sobretudo por ter adotado em suas obras uma linguagem hermética. Porém, num de seus brilhantes textos (O que é o Iluminismo?) sublinha um fenômeno que, na cultura televisual que hoje impera, se torna cada vez mais generalizado: as pessoas renunciam a pensar por si mesmas. Preferem se colocar sob proteção dos oráculos da verdade: a revista semanal, o telejornal, o patrão, o chefe, o pároco ou o pastor.

     Esses, os guardiões da verdade que, bondosamente, velam para não nos permitir incorrer em equívocos. Graças a seus alertas sabemos que as mortes de terroristas nas prisões made in USA de Bagdá e Guantánamo são apenas acidentes de percurso comparadas à morte de um preso comum, disfarçado de político, num hospital de Cuba, em decorrência de prolongada greve de fome.

     São eles que nos tornam palatáveis os bombardeios dos EUA no Iraque e no Afeganistão, dizimando aldeias com crianças e mulheres, e nos fazem encarar com horror a pretensão de o Irã fazer uso pacífico da energia nuclear, enquanto seu vizinho, Israel, ostenta a bomba atômica.

     São eles que nos induzem a repudiar o MST em sua luta por reforma agrária, enquanto o latifúndio, em nome do agronegócio, invade a Amazônia, desmata a floresta e utiliza mão de obra escrava.


     É isso que, na opinião de Kant, faz do público Hausvieh, gado doméstico, arrebanhamento, de modo que todos aceitem, resignadamente, permanecer confinados no curral, cientes do risco de caminhar sozinho.

     Kant aponta uma lista de oráculos da verdade: o mau governante, o militar, o professor, o sacerdote etc. Todos clamam: Não pensem! Obedeçam! Paguem! Creiam! O filósofo francês Dany-Robert Dufour sugere incluir o publicitário que, hoje, ordena ao rebanho de consumidores: Não pensem! Gastem!

     Tocqueville, autor de Da democracia na América (1840), opina em seu famoso livro que o tipo de despotismo que as nações democráticas deveriam temer é exatamente sua redução a um rebanho de animais tímidos e industriosos, livres da preocupação de pensar.

      O velho Marx, que anda em moda por ter previsto as crises cíclicas do capitalismo, assinalou que elas decorreriam da superprodução, o que de fato ocorreu em 1929. Mas não foi o que vimos em 2008, cujos reflexos perduram. A crise atual não derivou da maximização da exploração do trabalhador, e sim da maximização da exploração dos consumidores. Consumo, logo existo, eis o princípio da lógica pós-moderna.

     Para transformar o mundo num grande mercado, as técnicas do marketing contaram com a valiosa contribuição de Edward Bernays, duplo sobrinho estadunidense de Freud. Anna, irmã do criador da psicanálise e mãe de Bernays, era casada com o irmão de Martha, mulher de Freud. Os livros deste foram publicados pelo sobrinho nos EUA. Já em 1923, em Crystallizing Public Opinion, Bernays argumenta que governos e anunciantes são capazes de arregimentar a mente (do público) como os militares o fazem com o corpo.

     Como gado, o consumidor busca sua segurança na identificação com o rebanho, capaz de homogeneizar seu comportamento, criando padrões universais de hábitos de consumo por meio de uma propaganda libidinal que nele imprime a sensação de ter o desejo correspondido pela mercadoria adquirida. E quanto mais cedo se inicia esse adestramento ao consumismo, tanto maior a maximização do lucro. O ideal é cada criança com um televisor no próprio quarto.

     Para se atingir esse objetivo é preciso incrementar uma cultura do egoísmo como regra de vida. Não é por acaso que quase todas as peças publicitárias se baseiam na exacerbação de um dos sete pecados capitais. Todos eles, sem exceção, são tidos como virtudes nessa sociedade neoliberal corroída pelo afã consumista.

     A inveja é estimulada no anúncio da família que possui um carro melhor que o do vizinho. A avareza é o mote das cadernetas de poupança. A cobiça inspira as peças publicitárias, do último modelo de telefone celular ao tênis de grife. O orgulho é sinal de sucesso dos executivos assegurado por planos de saúde eterna. A preguiça fica por conta das confortáveis sandálias que nos fazem relaxar ao sol.

     A luxúria é marca registrada dos jovens esbeltos e das garotas esculturais que desfrutam vida saudável e feliz ao consumirem bebidas, cigarros, roupas e cosméticos. Enfim, a gula envenena a alimentação infantil na forma de chocolates, refrigerantes e biscoitos, induzindo a crer que sabores são prenúncios de amores.


     Na sociedade neoliberal, a liberdade se restringe à variedade de escolhas consumistas; a democracia, em votar nos que dispõem de recursos milionários para bancar a campanha eleitoral; a virtude, em pensar primeiro em si mesmo e encarar o semelhante como concorrente. Essa, a verdade proclamada pelos oráculos do sistema.

( Fonte: Frei Beto, publicado no Correio Braziliense )

terça-feira, 30 de março de 2010

REFLEXÃO


PELO QUE REALMENTE LUTAMOS?

Autor : Rogério Linhares


     Durante a nossa jornada peregrina nesta vida é necessário uma constante avaliação de nossos propósitos, e a pergunta mais apropriada para esta auto-avaliação é: pelo que realmente lutamos?

      Muitos colocam o dinheiro como o seu principal alvo na vida e chegam até a comprometer os seus valores para ganhá-los. Alguns profissionais afirmam que somente tendo bastante dinheiro é que encontrarão a verdadeira felicidade. Entretanto, estudos realizados pela revista Fast Company afirmam que “entre 1970 e 1999, a renda da família média americana aumentou 16%, enquanto a porcentagem de pessoas que se consideram muito felizes caiu de 36% para 29%”. Esta pesquisa apenas confirma o que o filósofo romano Sêneco falou, segundo ele “o dinheiro nunca fez ninguém rico”.

     Outros fazem da busca por poder a principal meta de suas vidas, chegando até mesmo a adotar a idéia maquiavélica dos fins que justificam os meios. O poder por si só não é garantia de sucesso, que os digam as biografias de Kadaffi, Hitler, Stalin, Pinochet, Garrastazu Médice.O poder freqüentemente corrompe, por isso Abraão Lincoln declarou: “praticamente todo homem sobrevive a adversidade, mas se você quer realmente testar o caráter de um homem dê-lhe poder”.

     Todos nós precisamos de alguma coisa pela qual valha a pena lutar, de algo que nos dê direção e que nos faça aproveitar as oportunidades necessárias para tornar-nos bem-sucedidos. O SONHO nos dá tudo isso. Em nossa jornada ele age como bússola mostrando sempre a direção correta. Este mundo pós-moderno, tão preocupado com a beleza e conforto pessoal, com as compras nos shoppings, em assistir TV, acessar a internet e andar na moda, precisa urgentemente de sonhadores, de pessoas que estejam dispostas a sacrificar suas vidas em prol daquilo que acredita.

   Precisamos sonhar com um mundo melhor, com menos desigualdades e mais oportunidades para todos: negros, brancos e índios. Precisamos sonhar com uma escola que realmente cumpra sua função social e democratize o conhecimento, com uma escola que forneça cidadãos comprometidos com a ética. O sonho é a única forma de predizer o futuro de uma pessoa. Quanto maior for o sonho de um indivíduo, maior será o seu potencial para ser bem- sucedido. Foi sonhando que Lutero venceu a instituição mais poderosa de sua época; foi sonhando que Nelson Mandela venceu o Apartheid e se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul; foi sonhando que Mahatma Gandhi libertou a Índia da opressão inglesa. E é sonhando que nós construiremos uma nova sociedade, baseado em um novo indivíduo que esteja mais preocupado em pensar historicamente, do que apenas conhecer os fatos históricos. Entretanto, é importante dizer que um sonho que si sonha parado é apenas uma utopia, mas um sonho que se sonha agindo tem grandes chances de se tornar realidade.
  
     Tudo na vida tem um preço, pagamos um preço para ficarmos mais magros, pagamos um preço para ficamos mais rápidos, pagamos um preço para termos mais conhecimentos. Quanto mais valiosa é uma coisa, maior é o preço a ser pago. O problema é que as vezes queremos comprar uma Ferrare pelo preço de um Fusquinha, queremos estar no topo sem ter que subir os degraus do sacrifício pessoal. Lembremos do preço que os ingleses tiveram que pagar em 1940 quando enfrentaram sozinhos as forças nazistas. A determinação em pagar o preço necessário pela vitória levou o primeiro-ministro inglês Winston Churchill a declarar que venceriam a guerra ainda que fosse a “custa de sangue, suor e lágrimas”. Lembremos ainda do preço que Martin Luter King teve que pagar para mudar a situação de segregação racial em que os negros americanos viviam na década de 60 nos EUA. Em um discurso ele afirmou: “eu tenho o sonho de que... todos os negros deste país, todas as pessoa de cor do mundo, serão julgadas com base no seu caráter e não na cor de sua pele, e de que todos os homens do mundo respeitarão o valor e a dignidade da personalidade humana... ainda sonho que com essa fé, seremos capazes de derrotar o desespero e levar uma luz nova as câmaras escuras do pessimismo”.

     Amigos, no presente somos honrados por Deus com a dádiva da vida, mas juntamente com a honra vem também as responsabilidades para transformarmos o real no ideal, para pagarmos o preço devido pela mudança. Que ao sairmos da frente do computador possamos ser a mudança que queremos ver no mundo. Segundo W.W. Ziege “nada pode impedir que um homem com uma atitude mental correta atinja o seu objetivo. Porém, nada na terra pode ajudar um homem com uma atitude mental errada”. Que esta mudança comece por nós, que comece agora e que seja aos poucos, pois somente assim chegaremos ao final de nossas vidas felizes, porque não vivemos ou morremos em vão.

quarta-feira, 24 de março de 2010

VÍDEO/HISTORY CHANNEL- Luta jurássica: os maiores assassinos ( parte 1 )

VÍDEO/HISTORY CHANNEL- Luta jurássica: os maiores assassinos ( parte 2 )

VÍDEO/HISTORY CHANNEL- Luta jurássica: os maiores assassinos ( parte 3 )

VÍDEO/HISTORY CHANNEL- Luta jurássica: os maiores assassinos ( parte 4 )

VÍDEO/HISTORY CHANNEL- Luta jurássica: os maiores assassinos ( parte 5 )

POESIA DE REFLEXÃO

LIBERDADE E DOMINAÇÃO



LIBERDADE, sonho de todos os povos
DOMINAÇÃO, ideal de todas as potências;

LIBERDADE, sede de toda a alma
DOMINAÇÃO, fome inspirada na soberba da superioridade;

LIBERDADE, sangue de todo o progresso
DOMINAÇÃO, retrocesso de qualquer desenvolvimento;

LIBERDADE, visão panoramica e ilimitada da vida
DOMINAÇÃO, visão opressiva e infinita da morte;

LIBERDADE, grito incontido das nações
DOMINAÇÃO, gemido dolorido da sociedade dominada;

LIBERDADE, realidade de quem luta
DOMINAÇÃO, consequência de quem aceita.

                                       ( Autor: Prof. Rogério Linhares )