quarta-feira, 22 de abril de 2020

A CRISE DE 1929 E A CRISE DE 2020

  Por Rogério Linhares

   A Crise de 1929 ocasinou, apenas nos Estados Unidos, o fechamento de 5 mil bancos, 80 mil fábricas, 32 mil casas comerciais e um total de 15 milhões de desempregados. A fome, a miséria, a depressão e a morte se tornaram companheiras constante do povo americano. No início da crise, em um único ano, ocorreram 23 mil suicídios.

   Alguns analistas estão afirmando que essa crise do coronavírus no Brasil, caso o confinamento permaneça total por meses, pode elevar o desemprego que hoje é de 11 milhões de pessoas para a marca histórica de 40 milhões. Não é difícil imaginar a tragédia social, política e econômica em que o nosso país pode mergulhar se não adotarmos a quarentena vertical (apenas os doentes e de risco).

   Geralmente os que defendem a quarentena horizontal (de todos) afirmam que estão defendendo a vida de muitas pessoas (pois é melhor salvar vidas que pensar na economia, dizem). Entretanto, caso não adotemos a quarentena vertical o número de mortes por suicídio, fome e doenças (em consequência da subnutrição, como ocorreu durante a Peste Negra na Europa, no período da Idade Média) pode ser bem maior.
  Queira Deus que o Brasil não chegue a esse ponto!!!!

domingo, 19 de abril de 2020

O CANTO DAS SEREIAS, O SOCIALISMO E O CRISTIANISMO

Por Rogério Linhares

   Alguns amigos me perguntam por que abandonei o socialismo. Se o socialismo, dizem, tem um compromisso com os mais pobres e oprimidos, assim como o cristianismo, por que rejeitá-lo como catastrófico e ter por ele uma aversão imensurável? A resposta a essa pergunta não é fácil, mas podemos começar pela mitologia.

   A expressão “o canto da sereia” tem sua origem na mitologia grega. Segundo o mito, as sereias eram criaturas de extraordinária beleza e sensualidade irresistível. Moravam numa ilha do Mediterrâneo e tinham o poder de atrair os navegantes que se aproximavam da ilha graças a uma melodia encantadora e incontrolável. Enlouquecidos pela música sobrenatural os condutores lançavam as embarcações contra as rochas da ilha, naufragavam e eram devorados pelas sereias. Hoje, o termo “o canto da sereia” sugere toda tentativa agradável de ludibriar e enganar alguém.

   O socialismo vende aos cristãos a ideia que é extremamente preocupado com os mais pobres e necessitados. Esse discurso torna-se, para esquerda, “o canto da sereia” a fim de atrair inúmeros fieis incautos. Uma vez do lado deles, os crentes são alvos de um bombardeio ideológico que os descaracteriza do cristianismo tradicional, uma vez que, com o tempo, eles reverenciarão mais Karl Marx e o Capital do que Jesus Cristo e a Bíblia, interpretarão o mundo a partir de um materialismo histórico dialético e não de uma ortodoxia cristocêntrica e vivenciarão uma moralidade líquida (que se adapte as circunstâncias) e não uma moralidade sólida (que perpassa todas as circunstâncias).

   O ódio da esquerda pelo cristianismo tradicional se manifesta de muitas maneiras, uma delas, é a forma como retratam os religiosos conservadores.  Todo e qualquer cristão conservador que não adote seu discurso politicamente correto é retratado pela militância como um monstro horrendo a ser exterminado a todo custo, por isso são desqualificados por eles como fascistas, nazistas, machistas, homofóbicos, misóginos, racistas, etc... Uma vez seduzido pelo “canto da sereia socialista” um cristão poderá fazer vista grossa a toda essa perseguição verborrágica a outros cristãos e ainda padecer de síndrome de Estocolmo.

   A filantropia é uma característica de todo cristão verdadeiro, mas ela por si só não significa nada, pois um individuo dissimulado poderá praticá-la para parecer generoso. Tom Hovestol, no livro A Neurose da Religião, destaca que na época de Jesus nenhum outro grupo religioso era mais filantropo e preocupado com os mais pobres e necessitados que os fariseus. Entretanto, foi a facção que recebeu a mais dura repreensão do Senhor. O texto de Mateus 23 diz que Cristo censurou os fariseus designando-os de “hipócritas”, “sepulcros caiados” e “raça de víboras”. É verdade que existem muitos socialistas sinceros, mas como Mark W. Baker aconselhou, é bom não confundir sinceridade com verdade, pois podemos estar sinceramente errados.

   No mito, segundo Homero em A Odisséia, Ulisses consegue vencer os encantos das sereias pedindo aos seus amigos que o amarrasse no mastro do navio. Isso é o que todo cristão autêntico deve fazer, isto é, estar amarrado em Cristo, em sua Palavra e nos Pais da Igreja para não se deixar levar pelo “canto da sereia socialista” e as verdades fundamentais do cristianismo não venham ser adulteradas por aquilo que tem apenas a “aparência do bem”. Como disse Marinho Lutero “a paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço”.

domingo, 12 de abril de 2020

O CRISTÃO E A POLÍTICA

Por Rogério Linhares

   O economista britânico Arnold Toynbee dizia que “o maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam.” Podemos parafraseá-lo dizendo que o maior castigo para os bons que não gostam de política é ser governado pelos maus que gostam. Esta é uma realidade da qual nenhum cristão pode fugir. Seria uma atitude sabia deixar que os maus decidam o destino dos bons?

   No século XVI, o movimento protestante anabatista afirmava que a política era algo indigno dos cristãos, por isso se dedicavam apenas as atividades eclesiásticas e deixavam a vida publica para os pagãos. Entretanto, neste mesmo período, surgi na Suiça um homem que revolucionaria o pensamento cristão pelas gerações seguintes. Seu nome era João Calvino. Reagindo a essa análise equivocada dos anabatistas, o "príncipe de Genebra", reproduzindo ideias agostinianas, dizia que Deus era o dono de toda nossa vida, isto é, de todas às áreas da vida, incluindo a política. Portanto, era um dever do cristão “remir” todas as instituições humanas corrompidas pelo pecado.

   Ecoando os antigos anabatistas, muitos cristãos da atualidade se esquivam de participar da vida publica e dos debates políticos dizendo que isso não faz parte de sua missão. Não à toa o escritor Gilberto Freire, autor do livro Casa Grande e Senzala, criticou o protestantismo brasileiro dizendo que ele gerava gramáticos, e não literatos. Essa teologia voltada exclusivamente para dentro da igreja é do interesse dos que não querem mudança no sistema corrupto e viciado. Além de contar com essa ajuda teológica, os inimigos do cristianismo tentam imobilizar os religiosos dizendo que o Estado é laico e que lugar de cristão é na igreja. Em algumas congregações, inclusive, discutir política é tabu. Entretanto, Charles Spurgeon, um grande pregador do século XIX, dizia que “só os tolos acreditam que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões permanecem no poder e os falsos profetas continuam a pregar ”.

   É de suma importância que os cristãos percebam que a igreja não deve apenas se esforçar para formar bons pastores, evangelistas, missionários e obreiros, mas também bons médicos, advogados, juízes e políticos cristãos. Aqueles para darem continuidade a obra evangélica e estes, como sal e luz, para redimir as instituições carcomidas pela perversão humana. Santo Agostinho em sua obra A Cidade De Deus dizia que o cristianismo, com o seu amor-caritas, continha uma riqueza extraordinária capaz de transforma a política. Do contrario, caso os cristãos mantenham-se omissos do seu dever cívico de participação no mundo secular, para sua transformação, os maus continuarão progredindo no mal e degenerarão todo sistema. Se não agirmos agora como agentes de transformação da sociedade, com o passar do tempo, os bons passarão a ter vergonha de serem bons. Como bem sentenciou Rui Barbosa “de tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Não é certo e nem prudente deixar que os maus decidam o destino dos bons. Precisamos assumir o nosso papel histórico dentro do reino de Deus e do reino dos homens fazendo sempre as seguintes perguntas: se não eu, quem? Se não hoje, quando? Se não aqui? Aonde? Se continuarmos permitindo que os maus corrompam as leis, desvirtuem a administração e pervertam os valores sem fazermos nada seriamos como aquele pastor que preserva o lobo, mas condena as ovelhas.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

POR QUE APOIO BOLSONARO

  Por Rogério Linhares   

   Meu apoio a Bolsonaro se deu principalmente pela convergência dos valores essenciais que adotamos. Somos contra o aborto, contra a legalização das drogas, contra a ideologia de gêneros, contra a relativização da pedofilia e da sexualização precoce das crianças, contra as ideias marxistas. Somos a favor dos valores da família e do reconhecimento da importância da cultura judaico-cristã na sociedade ocidental, além disso, convergimos na pauta da escola sem partido. 

      Os valores essenciais são os princípios que norteiam a nossa vida e pelos quais vivemos. Portanto, eles são inegociáveis, pois se comprometemos os nossos princípios arruinamos a nossa integridade. Como Bolsonaro foi o único candidato a adotar esses valores, também foi o único com o qual me comprometi. Martin Luther King dizia que a covardia pergunta se é seguro, o consenso pergunta se é popular, mas o caráter pergunta se é certo. Pelos meus valores era o certo apoiar Bolsonaro, visto que todos os outros candidatos tinham uma visão contraria a eles.

      Muitos amigos pelos quais nutro um profundo respeito me perguntam por que não faço criticas publicas ao governo. Será que ele está acima das criticas? De modo nenhum! Robert Jeffress, no livro Os Segredos de Salomão, comentando Mateus 18, afirma que a lição de Jesus é lidar com o erro de um indivíduo da forma mais particular possível. Em outras palavras, antes de tratar os erros de uma pessoa de forma publica, primeiro é necessário tratar em particular. Tenho, sem duvida, muitas criticas a se fazer ao atual governo, mas por estratégia política e por ética pessoal prefiro fazê-las dentro do circulo de apoiadores de Bolsonaro, assim não fortalecerei os adversários em suas batalhas contra o governo. Dentre os apoiadores, as críticas e repreensões não só são bem vindas como são necessárias, pois como disse Salomão “fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que aborrece são enganosos” (Pv 27.6).