Por Filipe G. Martins
Numa demonstração clara de sua
identidade ideológica, o PSDB se articula com o PSOL e com o PT para combater
os valores conservadores da população brasileira e tentar frear a candidatura
de Jair Bolsonaro.
Durante muito tempo, quem quer
que dissesse que o PSDB é um partido de esquerda, que diverge do PT apenas em
questões marginais, se tornava alvo de chacota e era tratado como um teórico da
conspiração. O tempo, porém, é um bom amigo da verdade e, conforme os anos
foram se passando, esse fato foi se tornando cada vez mais patente; tão patente
e tão claro que talvez até um jornalista consiga enxergá-lo.
Se, apesar disso, você ainda
conhece alguém que insiste em dizer que o PSDB é um partido de direita e que
afeta risadinhas de deboche sempre que lê ou ouve que o partido de FHC é um
partido de esquerda, comandado por figurões de tendências social-democratas,
gramscistas e fabianas, conte para essa pessoa sobre o evento “Manifesto de
Convergências pela Democracia e Direitos Humanos”, que será realizado no dia 02
de dezembro pelo Instituto Teotônio Vilela, o centro de formação política do
PSDB, em parceria com o grupo PSDB Esquerda Pra Valer.
O evento, que tem como objetivo
declarado articular estrategicamente a esquerda nacional para o combate ao
avanço do conservadorismo no país, reunirá lideranças de diversos partidos de
esquerda. Além de políticos e intelectuais do próprio PSDB, foram convocados
representantes do PSB, da REDE, do PV, do PPS, do PDT, do PSOL e do PT.
PSDB esquerdista
E para que não reste dúvida de
que o evento não está sendo promovido por um grupo minoritário dentro do
partido, a elite do tucanato estará toda presente. Dentre os figurões que já
confirmaram presença, estão Alberto Goldman, atual presidente do partido; José
Anibal, presidente do Instituto Teotônio Vilela; o senador José Serra; o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; e o governador Geraldo Alckmin.
Além de definir estratégias para
lidar com a força eleitoral de Jair Bolsonaro, os organizadores do evento
também pretendem discutir uma série de eventos internacionais, como a vitória
de Donald Trump e o Brexit, com a finalidade de publicar um manifesto, de
caráter suprapartidário, que servirá como norte para partidos e movimentos de
esquerda no enfrentamento contra o avanço e a organização da direita
brasileira, que, pela primeira vez na história da Nova República, será uma
opção viável na disputa presidencial.
Essa frente ampla de partidos de
esquerda provavelmente será acionada para apoiar Lula, Geraldo Alckmin ou quem
quer que se torne o adversário do deputado Jair Bolsonaro no segundo turno da
disputa presidencial que será realizada no ano que vem. No entanto, se você
pensa que essa articulação tem como alvo única e exclusivamente o pré-candidato
do PATRIOTA, você está enganado. Se você
se revolta com os 60 mil homicídios anuais, não aplaude a ideologia de gênero,
o assassinato de bebês, a corrosão das tradições, o vilipêndio das crenças e
dos símbolos cristãos, e deseja preservar sua família do declínio cultural e
moral promovido em nome da arte e da educação, é contra você que partidos de
esquerda, como o PT e o PSDB, desejam lutar.
Para os organizadores e os
participantes dessa articulação, “democracia” consiste em privar a maioria
absoluta dos brasileiros de representação política, de ingresso nos debates
intelectuais e de espaço na “grande mídia”.
Para os organizadores e os
participantes dessa articulação, “direitos humanos” consistem em marginalizar o
brasileiro médio e em exaltar o lumpesinato, enquanto promovem o banditismo e o
coitadismo penal que estão na raiz dos crimes violentos e dos homicídios que
assolam os brasileiros.
O que eles chamam de “combate ao
avanço do conservadorismo”, portanto, nada mais é do que a prática de
escorraçar da cena pública aqueles a quem eles prometeram abrir as portas da
democracia; pisar nos valores e nas crenças daqueles que eles dizem
representar; e, acima de tudo, retornar o país à tradicional disputa entre
candidatos de esquerda, na qual a maioria dos brasileiros não tem senão a opção
de votar em partidos que representam o contrário de tudo aquilo em que eles
crêem.
(FONTE: Site SENSO INCOMUM