segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO E A UTILIZAÇÃO DA GUERRA ASSIMÉTRICA

Por Rogério Linhares

      O movimento revolucionário sempre dividiu o mundo entre os oprimidos (supostamente mais fracos) e os opressores (supostamente mais fortes). A partir desse maniqueísmo procurou formas de fortalecer aqueles a quem diz tutelar. Uma dessas estratégias foi a Guerra Assimétrica.

      Para o filosofo Olavo de Carvalho a Guerra Assimétrica “consiste em dar tacitamente a um dos lados beligerantes o direito absoluto de usar de todos os meios de ação, por mais vis e criminosos, explorando ao mesmo tempo como ardil estratégico os compromissos morais e legais que amarram as mãos do adversário". (Diferenças gritantes, O Globo, 15 de maio de 2004).

      Em outras palavras, o objetivo da Guerra Assimétrica é fornecer a um dos lados, no caso a dos revolucionários, o direito de usar todos os meios possíveis, por mais imoral e indigno que seja, e exigir que o outro lado cumpra integralmente seus compromissos morais e éticos. Leon Trótski, em texto de 1938 intitulado “A moral deles e a nossa”, já afirmava que o proletariado deveria ter uma moral diferente da burguesia. Enquanto aqueles poderiam fazer tudo em favor da revolução estes estariam amarrados a sua moral judaico-cristã.

      Essa guerra desequilibrada se dá de duas formas: maximizando qualquer falha do adversário e minimizando ou ocultando qualquer erro do outro lado. Vejamos alguns exemplos elucidativos:

1) ACUSA-SE O CRISTIANISMO DAS PIORES ATROCIDADES ENQUANTO SE MINIMIZA OS HORRORES DO TERRORISMO ISLAMICO . Por essa ótica o cristianismo é retratado como uma religião de extrema opressão, de padres pedófilos e pastores ladrões. Geralmente são usados contra o cristianismo a existência da inquisição e das cruzadas na Idade Média ao mesmo tempo em que se omite os milhares de orfanatos, leprosários, asilos e as inúmeras ordens monásticas, como a dos franciscanos, que se dedicavam exclusivamente a caridade. Toda tentativa de desconstrução do cristianismo se dá, concomitantemente, omitindo ou relativizando toda ação do terrorismo islâmico. Sob a justificativa de não se promover a islamofobia, a mídia não divulga, exceto pela internet, as amputações de membros, as decapitações bárbaras e a queima de “infiéis” que ousam não se curvar aos radicais. Quando um cristão comete um desvio moral isso é usado para denegri todo o cristianismo, mas um ato de terror islâmico é mostrado como um ato isolado de um “lobo solitário”. Na Guerra Assimétrica falar mal do cristianismo é “Cult”, entretanto falar mal de outra religião é “Trash”.

2) ACUSA-SE A SOCIEDADE OCIDENTAL CAPITALISTA DE CRUELDADES INOMINÁVEIS ENQUANTO SE RELATIVIZA OU SE OCULTA AS MONSTRUOSIDADES DO SOCIALISMO. Nessa guerra o capitalismo é mostrado como desumano, violento, injusto e gerador de extremas desigualdades. Não se fala que o IDH dos países onde existe livre mercado são os mais elevados do mundo e que os índices de mortalidades de todos os tipos são reduzidos significativamente. No mesmo momento em que as virtudes do socialismo são descritas “ad infinitum” se silencia quanto aos horrores inenarráveis e aos milhões de mortes que ele gerou como consequência de sua adoção em países como URSS, China, Vietnã, Camboja, Coreia do Norte, Angola, Moçambique, Cuba, etc...
Quando o movimento revolucionário minimiza ou oculta qualquer erro do seu lado está tentando legitimar o direito de usar qualquer meio de ação e quando maximiza qualquer falha do adversário é para em seguida exigir que se sigam as regras morais e éticas. 

      Mentir para ganhar uma guerra é tão antigo que remonta a Sun Tzu em A Arte da Guerra. Não podemos agir como eles, pois então nos tornaríamos aquilo que combatemos. Mas temos a obrigação de expor toda hipocrisia e falta de coerência do movimento revolucionário. Precisamos nos armar com a espada da verdade e o escudo dos fatos pois ainda chegará o momento em que teremos que provar o obvio, ou como diz G. K. Chesterton, “teremos que provar ao mundo que a grama é verde”.

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