Por Rogério Linhares
O movimento revolucionário sempre dividiu o mundo entre os oprimidos
(supostamente mais fracos) e os opressores (supostamente mais fortes). A
partir desse maniqueísmo procurou formas de fortalecer aqueles a quem
diz tutelar. Uma dessas estratégias foi a Guerra Assimétrica.
Para o filosofo Olavo de Carvalho a Guerra Assimétrica “consiste em dar
tacitamente a um dos lados beligerantes o direito absoluto de usar de
todos os meios de ação, por mais vis e criminosos, explorando ao mesmo
tempo como ardil estratégico os compromissos morais e legais que amarram
as mãos do adversário". (Diferenças gritantes, O Globo, 15 de maio de
2004).
Em outras palavras, o objetivo da Guerra Assimétrica é
fornecer a um dos lados, no caso a dos revolucionários, o direito de
usar todos os meios possíveis, por mais imoral e indigno que seja, e
exigir que o outro lado cumpra integralmente seus compromissos morais e
éticos. Leon Trótski, em texto de 1938 intitulado “A moral deles e a
nossa”, já afirmava que o proletariado deveria ter uma moral diferente
da burguesia. Enquanto aqueles poderiam fazer tudo em favor da revolução
estes estariam amarrados a sua moral judaico-cristã.
Essa guerra
desequilibrada se dá de duas formas: maximizando qualquer falha do
adversário e minimizando ou ocultando qualquer erro do outro lado.
Vejamos alguns exemplos elucidativos:
1) ACUSA-SE O CRISTIANISMO
DAS PIORES ATROCIDADES ENQUANTO SE MINIMIZA OS HORRORES DO TERRORISMO
ISLAMICO . Por essa ótica o cristianismo é retratado como uma religião
de extrema opressão, de padres pedófilos e pastores ladrões. Geralmente
são usados contra o cristianismo a existência da inquisição e das
cruzadas na Idade Média ao mesmo tempo em que se omite os milhares de
orfanatos, leprosários, asilos e as inúmeras ordens monásticas, como a
dos franciscanos, que se dedicavam exclusivamente a caridade. Toda
tentativa de desconstrução do cristianismo se dá, concomitantemente,
omitindo ou relativizando toda ação do terrorismo islâmico. Sob a
justificativa de não se promover a islamofobia, a mídia não divulga,
exceto pela internet, as amputações de membros, as decapitações bárbaras
e a queima de “infiéis” que ousam não se curvar aos radicais. Quando um
cristão comete um desvio moral isso é usado para denegri todo o
cristianismo, mas um ato de terror islâmico é mostrado como um ato
isolado de um “lobo solitário”. Na Guerra Assimétrica falar mal do
cristianismo é “Cult”, entretanto falar mal de outra religião é “Trash”.
2) ACUSA-SE A SOCIEDADE OCIDENTAL CAPITALISTA DE CRUELDADES INOMINÁVEIS
ENQUANTO SE RELATIVIZA OU SE OCULTA AS MONSTRUOSIDADES DO SOCIALISMO.
Nessa guerra o capitalismo é mostrado como desumano, violento, injusto e
gerador de extremas desigualdades. Não se fala que o IDH dos países
onde existe livre mercado são os mais elevados do mundo e que os índices
de mortalidades de todos os tipos são reduzidos significativamente. No
mesmo momento em que as virtudes do socialismo são descritas “ad
infinitum” se silencia quanto aos horrores inenarráveis e aos milhões de
mortes que ele gerou como consequência de sua adoção em países como
URSS, China, Vietnã, Camboja, Coreia do Norte, Angola, Moçambique, Cuba,
etc...
Quando o movimento revolucionário minimiza ou oculta
qualquer erro do seu lado está tentando legitimar o direito de usar
qualquer meio de ação e quando maximiza qualquer falha do adversário é
para em seguida exigir que se sigam as regras morais e éticas.
Mentir para ganhar uma guerra é tão antigo que remonta a Sun Tzu em A
Arte da Guerra. Não podemos agir como eles, pois então nos tornaríamos
aquilo que combatemos. Mas temos a obrigação de expor toda hipocrisia e
falta de coerência do movimento revolucionário. Precisamos nos armar com
a espada da verdade e o escudo dos fatos pois ainda chegará o momento
em que teremos que provar o obvio, ou como diz G. K. Chesterton,
“teremos que provar ao mundo que a grama é verde”.