Do R7
O governo terá que investir R$ 3,9 bilhões até 2015 para manter o aumento no salário dos professores proposto nesta sexta-feira (13). De acordo com a ministra do planejamento, Miriam Belchior, do total do montante, 40% serão usados a partir de 2013 e o restante será gasto até 2015.
Caso o sindicato concorde com a proposta, 143 mil professores terão direito ao aumento. De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o maior aumento, de 45%, será para os professores doutores. Entretanto, o reajuste também vai beneficiar os demais 20% dos professores, que atuam em regimes de 40 ou 20 horas semanais e sem regime.
— Esses professores terão aumento entre 12% e 20% do salário.
Segundo a ministra do planejamento, houve precipitação de determinadas lideranças sindicais.
— Havia o compromisso [do governo] de apresentar uma proposta e não seria necessário comprometer as aulas e as inscrições do Sisu e até arriscar a ida dos 12 mil estudantes do Ciências sem Fronteiras para o exterior, em setembro.
O governo federal também apresentou aos professores mudança no plano de carreira. Representantes dos docentes se reuniram com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, na tarde desta sexta-feira (13).
Os docentes ainda vão avaliar a proposta, que, segundo Mendonça, é a última que será feita pelo governo para retomar as atividades nas 92 instituições federais de ensino que estão paradas desde o dia 17 de maio.
A proposta apresentada pelo governo prevê aumento no salário inicial do professor com doutorado e com dedicação exclusiva, que será de R$ 8,4 mil, e também nos salários dos professores já ingressados na universidade, com título de doutor e dedicação exclusiva, que poderão passar de R$ 7,3 mil para R$ 10 mil.
Ao longo dos próximos três anos, a remuneração do professor titular com dedicação exclusiva passará de R$ 11,8 mil para R$ 17,1 mil, sem um nível de carreira em 13 níveis, quatro a menos que o atual regime dos docentes.
Expectativas
Segundo a presidente da Andes (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior), Marina Barbosa, a categoria exige que o governo federal assuma sua responsabilidade na educação. Mesmo com o ofício do agendamento em mãos, os sindicalistas se mostram “incrédulos” com uma possível solução.
— Do jeito que o governo tem se comportado, não dá para prever como será a conversa amanhã. Esperamos que eles [governo] apresentem de fato uma proposta concreta. A responsabilidade está nas mãos deles.
O encontro é visto com ressalvas por representantes dos professores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da UFABC (Universidade Federal do ABC), ambas em São Paulo.
Armando Caputi, presidente da ADUFABC (Associação dos Docentes da Universidade Federal do ABC), disse, em entrevista ao R7, que teme o prolongamento da paralisação.
— Não conseguimos saber se esse encontro significará o fim da greve. O governo pode simplesmente prometer algo para longo prazo e apenas deixar para mais adiante a solicitação dos docentes pela reestruturação na carreira.
Já Virginia Junqueira, presidente da Adunifesp (Associação dos Docentes da Unifesp), diz acreditar que essa será apenas uma etapa das negociações.
— A pauta principal dos sindicatos é a reestruturação da carreira. Mas, mesmo que seja definido um acordo e termine a greve, continuaremos apresentando as solicitações dos estudantes e professores por melhorias na infraestrutura.
Greve geral
A paralisação já atinge 56 das 59 universidades federais, além de 34 institutos federais de educação tecnológica. De acordo com a presidente do Andes, os professores pedem reestruturação simples em 13 níveis, com variação de 5% de valor. Atualmente, a progressão salarial é dividida em níveis e subníveis não muito claros, que tornam difícil a ascensão do profissional ao topo da carreira.
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