domingo, 5 de agosto de 2012

José Dirceu era o chefe do esquema, diz procurador-geral da República

Roberto Gurgel afirma que tem provas de que petista comandava o mensalão

Carolina Martins, do R7, em Brasília
     Para Gurgel, ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula comandou esquema "atrevido e escandaloso" de desvio de recursos públicos.

     Depois de afirmar que tem provas de que o mensalão existiu, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, avaliou que nunca houve no País um esquema de desvio de dinheiro público tão "atrevido e escandaloso" como ele. Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), o mensalão foi compra de apoio político no Congresso durante o primeiro mandato do governo Lula — comandado por José Dirceu.

     Nesta sexta-feira (3), segundo dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Gurgel começou a ler as denúncias pelo chamado núcleo político do mensalão e, segundo a PGR, José Dirceu era o chefe do esquema.

     Roberto Gurgel fez questão de enfatizar que, ao contrário do que diz a defesa do réu, alegando que não há provas de que Dirceu tenha participado do mensalão, a PGR tem certeza de que o ministro da casa Civil no governo Lula foi o "autor intelectual" do esquema.

     — O acusado afirma que não existe prova de que tenha praticado os atos. Isso porque, como quase sempre ocorre com os chefes de quadrilha, o acusado não aparece nos atos de execução do esquema. Mas a Procuradoria Geral comprovou os atos praticados por José Dirceu.

     Ainda de acordo com Gurgel, em todos os depoimentos prestados, Marcos Valério, acusado de ser o agente financeiro do mensalão por meio de suas agências de publicidade, afirmou que José Dirceu sabia de todos os atos praticados e tinha conhecimento dos pagamentos.

     Para a PGR, não há dúvidas de que Dirceu comandou as ações dos outros acusados e era o responsável por coordenar negociações dos líderes partidários e conseguir os recursos financeiros.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Julgamento histórico do mensalão começa hoje no STF

Supremo Tribunal Federal deve concluir sessões só em setembro

Carolina Martins, do R7, em Brasília

     Em maio de 2005, começou a vir à tona um dos maiores escândalos de corrupção envolvendo o suposto pagamento de propina, com dinheiro público, a parlamentares que se comprometeriam em apoiar o governo no Congresso Nacional. Conhecido como mensalão, o esquema foi denunciado na metade do primeiro mandato do presidente Lula.

     Tudo começou quando foi divulgada uma filmagem, na qual o chefe do departamento de contratações dos Correios na época, Maurício Marinho, aparece negociando licitações em troca de suborno. No vídeo, ele afirma que tinha o respaldo do deputado federal, Roberto Jefferson (PTB-RJ) para realizar as negociações.

     As imagens vazaram porque um dos empresários teria ficado insatisfeito com alguns acordos firmados e decidiu gravar as negociações ilegais para denunciar o esquema. Mas, o que parecia ser uma fraude nas licitações dos Correios, ganhou grandes proporções quando o deputado que estava no centro das denúncias decidiu falar o que sabia.

     Acusado de dar respaldo ao esquema de licitações ilegais dos Correios, Roberto Jefferson foi alvo de investigação do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro. Acuado, revelou que a fraude era muito maior. Segundo o deputado, o PT mantinha um esquema de pagamento mensal de propina para que os parlamentares apoiassem os projetos do governo no Congresso.

     Ele assumiu que o próprio partido, o PTB, recebeu a oferta do PT. E acusou a alta cúpula do Partido dos Trabalhadores de ser a responsável pelos repasses. Na lista de envolvidos estavam o ministro da Casa Civil na época, José Dirceu, o então presidente do PT, José Genoíno, e o tesoureiro do partido, Delúbio Soares. Roberto Jefferson foi direto ao fazer as denúncias.

— O Delúbio está repassando dinheiro para partidos da base e os partidos da base estão distribuindo para seus deputados o mensalão de R$ 30 mil.


R7 Notícias

O escândalo do mensalão


Julgamento

     Sete anos depois, o STF (Supremo Tribunal Federal) vai julgar o caso. São 38 réus no processo, incluindo Roberto Jefferson, José Dirceu e Marcos Valério.

     As sessões de julgamento do mensalão começam nesta quinta-feira (02). A previsão é que até setembro o Brasil já saiba quem são os inocentes e a punição dos considerados culpados.